Caetano Veloso me mostrou este livro magistral, que já fala em profundidade sobre a nossa Amálgama. O livro é sobre a família Mann, com conversas sobre nossa absoluta originalidade, e nele está citado o seguinte trecho de Dank an Brasilien (Agradecimento ao Brasil) de Stefan Zweig:
Eu sinto uma culpa diante de vocês — uma culpa que não é minha, mas a grande culpa que nós todos na Europa temos diante de vocês. De modo fascinante, vocês conservaram a generosidade no coração. Também na arte vocês acolhem o estrangeiro como um hóspede benquisto, não o repelem jamais. Vocês ainda não forma maculados por aquela xenofobia repulsiva, aquele pavor e hostilidade em relação aos estrangeiros, que hoje torna os países da Europa moralmente tão condenáveis. E nós? O que sabemos sobre vocês? É difícil dizer isso, mas eu mal saberia de alguém na Europa que pudesse falar com a mesma ênfase e o mesmo conhecimento sobre algum de vocês, como Múcio Leão o fez em relação a mim e, mais importante, quis fazê-lo! Lá entre nós ainda não se baniu a velha arrogância europeia; de alguma maneira a Europa vê em todos os países não europeus colônias espirituais, de cuja subserviência mansamente elas condescendem, sem pensar na possibilidade de retrucar dignamente. Ainda não se pode ou não se quer entender que o tempo não parou no século XVIII e que há muito a Europa deixou de constituir o centro das atenções.
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