Amálgama
Amálgama

(Dedicado a Nelson Jacobina)

(Vídeo da apresentação no Congresso de Filosofia e Cultura Brasileira)

 

Recentes descobertas e confirmações científicas nos asseveram que na Serra da Capivara no atual Piauí, nasceu um homem original do Brasil, um hominídio brasiliensis durante a nossa pré-história. Há dois anos atrás, antropólogos boquiabertos ficaram quando viram os indios Curucuius lá no alto Xingú mostraram a eles leitos secos de canais de irrigação e de navegação que se estendiam por kilômetros sem fim floresta verde-esmeralda adentro. Concluiu-se que a fertilidade da amazônia se deve ao fato de ser um jardim e pomar plantados e fabricados pelos nossos ancestrais indígenas. Mais ainda: em estudos sobre migrações usando o DNA constatou-se que além das três correntes migratórias da Ásia que são os nossos indios, temos duas espantosas migrações em nossa pré-história: uma vinda diretamente da Africa, e outra da Austrália, claro que são os aborígenes!

 

A alegada preguiça dos índios, nada mais é do que a constatação errada e racista da prática daquilo que vai se tornar o Wu-Wei do taoísmo, isto é: a ação da não ação do taoísmo, pois nossos ancestrais indígenas vindos da Ásia estão na época Histórica da elaboração deste Taoísmo, sendo portanto pré ou proto toda cultura da Índia e da China que surgirá. Esta atitude de meditação em estado de imobilidade, seus mitos, suas técnicas de acupuntura através de espinhas de peixe (descobertas também recentes na bacia do rio da Prata), seus cânticos, suas lutas que precedem o que vai resultar no Sumô ou no Pa-kua (que consiste em circular ao redor de uma árvore durante longo tempo modificando apenas sutilmente o pisar do pé ora pressionando mais a parte da frente, depois a parte de trás e finalmente as duas ao mesmo tempo, este Pa-Kua vai ser origem do Tai-chi-chuan e de outras artes marciais asiáticas), esta visão do mundo se reflete na inacreditável arte plumária que inclui e expressa a flutuação e os instantes em ondulante aparição conduzidas pelo destino do sopro do vento, e já incluem noções de simultaneidade dos acontecimentos entrelaçados e quânticos!

 

Não é preciso acrescentar que a profundidade e abrangência de significados eternos dos mitos indígenas, ecoam uma apaixonada e fervilhante emoção perante a sacralidade da vida justamente por causa dos mistérios que são ali exaltados e vivenciados! O que dizer da arte pré-helênica da ilha de Marajó? As suas exuberantes linhas geométricas e a sutilidade de combinações expressas nas suas cerâmicas atestam a capacidade de harmonias e soluções dentro de um universo Apolíneo que lembra o nascimento da cultura helênica.

 

Mas aqui o ponto central é o que afirma o grande escritor e historiador Jorge Caldeira, ele nos informa que em todas as outras culturas de outros povos de toda a História da Humanidade neste planeta qualquer estranho, forasteiro, desconhecido, diferente, que chegasse perto de uma tribo que não fosse a sua, era no mínimo para ser enxotado, considerado inimigo, na maior parte dos casos simplesmente morto, assassinado, aqui no Brasil se deu o fenômeno mais inacreditável de todos os tempos! Os índios tupi-guaranis que vieram lá do sul das paragens da atual Patagônia, e tinham como lenda principal a crença de que tudo é mistério e de que eles, os índios tupi-guaranis foram criados para justamente desvendarem e revelarem o mistério, conquistaram todo o litoral até a amazônia, não expulsando através de guerra os índios do litoral, mas como este índios do litoral eram pessoas desconhecidas, então eram para ser amadas, desvendadas em seus mistérios, pois não fôra para isso que os tupi-guaranis foram criados? Então era através do amor e das relações amistosas e de entrega ao mistérios do desconhecido que se efetuou a rápida conquista amorosa do nosso litoral, assim também aconteceu mais tarde, quando os marinheiros brancos desciam de suas caravelas para pisar em terra firme, eram aguardados por índias jovens e lindas, apenas esperando a hora de abraçá-los e beijá-los e amá-los para desvendarem os mistérios dêste novos forasteiros desconhecidos!

 

Assim foi com Caramurú, assim foi com João Ramalho! Por isto, até hoje, qualquer novidade do estrangeiro, mesmo que sejam bandas de rock daquelas que nos seus países de origem ninguém mais as ouve, aqui haverá sempre multidões ansiosas para receberem os mercenários de braços abertos e o coração palpitando! Tão generoso é este povo brasileiro, que nem lhe passa pela cabeça que a recíproca não é verdadeira, atreva-se qualquer músico brasileiro a tocar nos países deles e verá como será tratado!

 

Cabe ainda ressaltar que a expedição dos tupis-guaranis pelo litoral do continente Brasil obedecia a um impulso fundamental que brotava da sua mitologia de Mistério a ser continuamente desvelado e que tinha como meta a descoberta da Terra sem Males, onde haveria a incrível Palmeira Azul! Vê-se que também deste ângulo a predestinação do Brasil como lugar sagrado precede a outras visões semelhantes que surgirão continuamente de Portugal com os nossos primeiros dois nomes após a descoberta de Vera Cruz e Santa Cruz, dos sebastianismos, e de projeções de um lugar de salvação geral de todos os povos e culturas para cá emigrados e estabelecidos, refugiados e acolhidos, desde as obras e pregações do padre Antônio Vieira, até "Brasil país do Futuro" de Stefan Zweig, e tudo que virá com a arte moderna e o Tropicalismo de Gilberto Gil e Caetano Veloso.

 

Portugal nasce do som e da poesia das canções De Amigo e Del Rey dos trovadores, e vai ter importância na História Mundial pelo fato de ter acolhido os Templários que estavam sendo queimados vivos na frente das Igrejas da Europa acusados de heresia absoluta. Estes Templários haviam sido os heróis e o poder máximo até aquele momento da história medieval, mas com o surgimento do poder nacional da França, com Philipe o Belo, transformaram-se de heróis para heréticos e supremos traidores da Cristandade! É nesta condição que os Templários chegam a Portugal, humilhados, ofendidos e aterrorizados, e são salvos pelo rei de Portugal com a única concessão de mudarem seu nome de Templários para Cavaleiros de Cristo. Assim começa a Escola de Sagres, onde sob o comando do rei Dom Henrique Portugal começa seu caminho de potência mundial determinante. Todos os navegadores serão Cavaleiros de Cristo, e vão com suas informações conquistar os mares! As informações que os ex-Templários trazem consigo são fundamentais: pontos de contato na África, Índia e China, informações das culturas pagãs, filosofia grega, técnicas de navegação que incluíam desde a vela com capacidade de utilizar ventos que sopram em direção contrária, até técnicas de construção e de navegação, e conhecimentos de culturas pagãs proibidas, contatos com o Islã.

 

Abre-se assim um imenso leque de misturas e miscigenações de idéias, sentimentos e ações concretas. É neste panorama que surgirá um São Francisco Xavier e um Padre Antônio Vieira! O Brasil será realmente concretizado com a chegada dos Jesuítas que conseguem um fato original, dentro de todas nossas originalidades que é o de conseguirem acabar com a antropofagia e converterem os índios para o cristianismo (sempre eclético e amalgamante) através da música e do teatro musical com o som do cururú e do cateretê que são duas formas de ritmo de samba indígena antes da chegada do zemba africano!

 

Agora vem os que fizeram e fabricaram o Brasil de sul-norte-leste-oeste, todas as cidades, vielas, casas, estradas, igrejas, prisões, mansões, engenhos, e toda a super-estrutura cultural, religiosa da suprema amálgama de Jesus de Nazaré com os tambores do candomblé, a mão da doçura e o consolo da gente, a dimensão da dadivosidade e da alegria superando os sofrimentos e terrores, reinaugurando sempre a inocência da poesia com a infinita sabedoria do Ifá! e a imensa solidariedade do mutirão do pensamento mais profundo que vem do coração.

 

Os escravos trazidos da África ao chegarem aqui reinterpretam suas crenças religiosas e criam o nosso candomblé que em primeiro lugar transforma os Orixás que em sua origem são de determinados lugares geograficamente determinados, como por exemplo Oxóssi lança sua flecha e onde ela cai funda a nação de Keto. Oxum da beleza e da riqueza tem o seu reinado em um determinado rio, aqui para reunificar os diversos ramos da etnia e cultura nagô, Oxóssi reina em todas as matas e florestas, e Oxum reina em todas as águas doces. Os orixás se transformam em arquétipos de várias conexões e novos significados em velocidade quântica. Além do jôgo de búzios onde entra o acaso e a emoção de quem os joga e interpreta e cujo critério e conteúdo são iguais e paralelos ao princípio e estrutura do cálculo da incerteza matematicamente elaborado por Heisenberg.

 

Ainda tem o Ifá, que na verdade é igual ao I-Ching do Tao-Te-King, com as varetas e as interpretações de cada instante e do que seria melhor fazer e como se comportar. É bom notar que quando os Orixás são transfigurados em arquétipos de abrangências muito vastas, pode ter havido aí neste processo a influência da Índia. Gilberto Freyre em seu livro "China Tropical" escrito na época do encontro dele com Rabindranath Tagore, revela que o Brasil no século 16 e 17 era totalmente hindu! Isto tem imensa relevância nas raízes de atualidades da nossa Amálgama!

 

Dos tambores do candomblé surgem os maracatus, sambas, batuques e a capoeira, e da mescla com mitos e religiões indígenas nasce a Jurema, em contato com o espiritismo e sincretizando-se em velocidade da luz também com o catolicismo surge a Umbanda! É tão avassalador e inexorável a criatividade da Amálgama em permanente efervescência que em São Paulo, no final da década dos sessenta por causa da imigração japonesa as umbandas lá no bairro da Liberdade criaram um Orixá Samurai!

 

Essa formidável absorção do outro em plenitude de dignidade resplandecente é a característica do povo brasileiro! Chineses, japoneses, judeus, sírio-libaneses, e todos os seres humanos de todas as culturas e povos do planeta tem aqui os seus parentes e descendentes, e trazem todas as suas culturas para cá e imediatamente se sentem à vontade e com imensa vontade de se misturar e se miscigenar neste redemoinho de sensações de plenitudes que vem dos mistérios de Macunaíma, e a disposição absoluta de abraçar e amar o próximo porque o próximo é o mistério para ser eternamente desvelado, porque somos todos também tupis-guaranis e nossa mitologia vem do mistério e o nosso destino e missão é se apaixonar por tudo que é estranho, novo, diferente, estrangeiro, forasteiro, desconhecido, e este impulso também vem lá de Portugal dos navegantes arrostando os mares abissais, impulsionados por Henrique de Sagres e os Templários agora Cavaleiros de Cristo!

 

Para encerrar este texto que se for pela extensão dos significados e de minha vontade não teria um fim, mas como o fim é necessário, tenho que finalizá-lo, mas antes quero acentuar a importância de que no candomblé voce tem no mínimo três cabeças, isto é, três cérebros que são e não são simultâneos ao mesmo tempo, e isto corresponde às mais recenetes descobertas no campo da neurociência declarando que a inteligência é totalmente emoção, e que os nossos neurônios em suas sinapses e pensamentos fazem com que se possa dizer que temos vários cérebros que fingem ser um só, e isto você já tem como informação em plenitude na nossa Amálgama por causa da genialidade dos candomblés, e que diga-se de passagem fizeram com que nascesse o presidente Barack Obama, segundo a sua própria biografia em que narra que a sua mãe uma intelectual filósofa, como todos os poetas e filósofos queria saber como era a Grécia Antiga, e que até então nem havia sonhado em casar com um homem de outra etnia que não fosse branca até o dia em que entrou no cinema e viu o filme Orfeu Negro, do poeta Vinicius de Moraes, o branco mais negro do Brasil, e Tom Jobim, em que a Grécia Antiga é o môrro das favelas cariocas, é negra, e é das Escolas de Samba, e foi por isso que a mãe de Obama dias depois de assistir a este Orfeu Negro ao se encontrar com um filósofo do Kenya se apaixona e casa com ele.

 

Foi esta emanação poética da Amálgama quem fez nascer o mais arrebatador e brasileiro de todos os presidentes dos Estados Unidos!

 

A atualidade da nossa amálgama é absoluta, ou o mundo se brasilifica ou se tornará nazista, esta afirmação está o tempo todo em minha obra e especificamente no disco Eu Não Peço Desculpa meu e do Caetano em que esta frase é constantemente pronunciada, é também todo o Cinema Novo, toda a nossa literatura e também está expressa na música com Gilberto Gil 'Outros Viram', e também nos shows que fiz ao lado de Gilberto Gil que se intitulavam Figa Brasil. O assassino terrorista nazista na Noruega que assassinou mais de 70 pessoas, sendo a maior parte delas crianças que estavam em um evento do Partido Trabalhista Norueguês, deixa mais do que claro em sua tese, aliás minuciosa e detalhista, que a culpa é totalmente deste medonho país chamado Brasil com o seu multiculturalismo. Ele não sabe que nós somos a amálgama, muito além da diversidade cultural e do multiculturalismo, mas não importa, a clareza da declaração do nosso inimigo mortal é absoluta. O mundo precisa, para que haja a sobrevivência da espécie, que todos os povos e culturas absorvam e reinterpretem esta amálgama de José Bonifácio de Andrada e Silva, se não o nazismo e o fim do mundo virão.

 

Jesus de Nazaré inventou o Romantismo, a Democracia dos Direitos Humanos incluindo a desobediência civil pacífica e pacificante, o socialismo e o liberalismo, mas a plenitude de sua mensagem é a Amálgama do Brasil Universal que inclui a vastidão das culturas indígenas e os candomblés. A simultaneidade quântica já faz parte da nossa alma, e como dizia Benedito Valadares: na prática, a teoria é outra.

 

A presença da cultura judaica está expressa também com clareza na constatação da primeira sinagoga em Olinda, Pernambuco, durante o período de Maurício de Nassau, além da migração para a Amazônia.

 

O Islã tem sua maior irradiação sobre o Brasil durante os séculos XVI e XVII, durante os quais o Brasil era indú. O Islã era a maior influência por parte da Índia muçulmana a tal ponto que durante dois séculos o uso da burca era comum entre nossas mulheres.

 

A primeira expressão e afirmação fundamental e política de nossa Amálgama foi o episódio da expulsão dos holandeses, e sua segunda grande expressão foi a Conspiração Mineira dos poetas de Minas Gerais com sonetos de amor de Dirceu para Marília.

 

A primeira grande democratização de aliança e amizades com os Estados Unidos se deu justamente nesta época, quando os representantes da Conspiração Mineira, enviados para a frança no meio da revolução, se encontravam com o representante do Estados Unidos, Thomas Jefferson, que ali estava na condição de observador e representante de seu país na Revolução Francesa.

 

Imediatamente, Thomas Jefferson, ao ser solicitado pelos inconfidentes mineiros da sua necessidade de ajuda para a Conspiração Mineira, concordou entusiasticamente dispondo para ação imediata armas e tudo que fosse necessário para o êxito desta primeira tentativa de tornar o Brasil independente e sem escravos.

 

Mas como é de hábito dos poetas proclamar as verdades do coração, um deles falou demais. Foi claro, nosso herói Tiradentes!

 

O segundo grande momento desta aliança foi quando a Inglaterra ainda era o poder majestoso e único do planeta, e os Estados Unidos ainda era um país tentando afirmar sua identidade mergulhado na sua política splendid isolation (isolamento explêndido).

 

Acontece que o mais poderoso império do mundo - a Inglaterra -, decidiu que o Brasil deveria devolver 40% de seu território para todos os países vizinhos de nosso país-continente, especialmente na área do Acre.

 

Estes territórios foram conquistados cruzando os limites do Tratado de Tordesilhas. Muito desta área foi conquistada pelos Bandeirantes.

 

Seja como for, foi somente por causa do forte apoio para a manutenção integral do nosso país-continente, recebida pelo Barão do Rio Branco por parte dos Estados Unidos, que garantiu a integridade do país das terras do sem fim.

 

O terceiro grande momento foi a nossa participação na Segunda Guerra Mundial contra os criminosos nazistas.

 

O Brasil foi o único país de toda a América Latina que participou desta 2ª Guerra Mundial ao lado dos aliados.

 

Em 1º lugar o porto de Natal, no Rio Grande do Norte, era crucial para os movimentos estratégicos marítimos de locomoção de tropas e alimentos para dentro do cenário da guerra.

 

Mas também foi a necessidade de os aliados conseguirem suprimentos de borracha - e naquela época ainda não havia borracha sintética - e o único local de existência da borracha era a Amazônia. Isso porque os japoneses aliados dos nazistas ocupavam todos os outros lugares que haviam borracha, que eram, a Indonésia, Malásia, Filipinas e etc.

 

Foi essencial também a Amazônia para a obtenção do quartzito - mineiral essencial para toda a atividade aérea.

 

Mas a mais fundamental foi o heroísmo dos soldados da FEB sob o comando do General Castelo Branco nos campos da Itália, em Monte Castelo.

 

O General chefe das tropas aliadas, o General Montgomery, escreve em seu diário deslumbrado: "Quem são esses heróis formidáveis que se parecem com antigos guerreiros da antiguidade, e que atacam sem medo nenhum as casamatas de metralhadoras nazistas aos berros e com uma longa faca na mão?", - claro, são os heróis com a peixeira na mão.

 

Em 1945, é deposto Getúlio Vargas, é o fim do Estado Novo. E toda esta verdade profunda da Amálgama que vem desde tempos primordiais e toda a nossa cultura, incluindo o romantismo, o modernismo, Mário e Oswald de Andrade etc. teve que ser totalmente sufocada por causa pelo medo que inspirava por sua novidade. Tanto para a União Soviética de Stálin, assim como, para os Estados Unidos pós Roosevelt e bem caracterizada pelos interrogatórios de ideologia do macartismo. Tudo isto para castigar Getúlio Vargas também e principalmente por ter ousado exigir dos Estados Unidos os autos- fornos de Volta Redonda, início de nossa industrialização.

 

Cronistas, escritores foram contratados a peso de ouro para em seus artigos, e livros e pregações pela imprensa, para jogarem água gelada em cima da Amálgama. Para caluniarem e debocharem do povo brasileiro. Eu mesmo sou testemunho total deste período, frases como: "de produto nacional basta eu", "complexo de cachorro vira-lata", "samba do crioulo doido", "o Brasil é muito pobrezinho e inferior","nós temos que ser como a Bélgica", "nós temos que imitar a Alemanha" - e coisas mais medonhas ainda.

 

No entanto, o povo não ligou para isso, não só Getúlio Vargas foi eleito, como determinou todo o futuro de nossa história. Darcy Ribeiro conseguiu, através de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, a construção de Brasília. Surgiu o Tropicalismo, e agora na plenitude da democracia, temos a primeira mulher presidente. E esta Amálgama, como vimos, é a única esperança concreta da sobrevivência da espécie, da democracia, dos direitos humanos que vieram do Sermão da Montanha.

 

Sabe-se, principalmente no século XXI, com o advento da plenitude democrática, que no país mais original do planeta, concretizado na infra-estrutura e na super-estrutura pelos seus escravos, sendo o maior país de escravos do planeta, ao serem libertados perdoaram seus senhores, mas parece que os seus senhores ainda não vieram ao encontro destes escravos libertados.

 

Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar.

Gilberto Gil

 

Eu organizo o movimento.

Caetano Veloso

 

Somente quem tiver o caos dentro de si poderá dar a luz à grande estrela bailarina.

Friedrich Nietzsche

 

Mesmo quando não houver mais nem fé nem esperança, o amor continuará a resplandecer no universo.

São Paulo

 

O amor não quer se mostrar, o amor não tem vaidades porque o amor é para sempre.

Jesus de Nazaré

 

 

OUTROS VIRAM

(música de Jorge Mautner e Gilberto Gil)

 

O que Walt Whitman viu

Maiakóvski viu

Outros viram também

Que a humanidade vem

Renascer no Brasil!

 

 

Teddy Roosevelt sentiu

Rabindranath Tagore.

Stefan Zweig viu também

 

Todos disseram amém

A essa luz que surgiu!

 

Roosevelt que celebrou nossa miscigenação

Até a considerou como sendo a solução

Pro seu próprio país

Pra se amalgamar

Misturar "melting pot" feliz

Não conseguiu pois seu Congresso não quis!

Rabindranath Tagore também profetizou

Ousou dizer que aqui surgiria o ser do amor

Um ser superior, civilização da emoção, da paixão, da canção

Terra do samba sim e do eterno perdão!

 

Maiakóvski ouviu

A sereia do mar

Lhe falar de um gentio

De um povo mais feliz

Que habita esse lugar!

 

Esta terra do sol

Esta serra do mar

Esta terra Brasil

Sob este céu de anil

Sob a luz do luar!

 

 

HINO DA INDEPENDÊNCIA EM RESSURREIÇÃO PERMANENTE

(Composição de Jorge Mautner dedicada ao jornalista Rodrigo Fonseca)

 

O mundo não bebe água, não come e nem respira sem o Brasil.

Mas o mais importante é o povo brasileiro,

a quem José Bonifácio de Andrada e Silva, o patriarca da Independência,

em 1823, definiu dizendo:

Diferente dos outros povos e culturas, nós somos a amálgama,

esta amálgama tão difícil de ser feita.

 

Neste século XXI, para haver a continuação da espécie humana,

o planeta tem que se brasilificar, amalgamar pelo coração.

Isto é muito além do multiculturalismo ou da diversidade cultural,

é um salto de qualidade onde a emoção daquele abraço envolve e comanda

o ser humano na paisagem da suprema tolerância, irmandade e mutirão.

Solidariedade!

 

O dia-a-dia da democracia proclama com voz tamanha

os direitos humanos que vieram do sermão da montanha.

Nenhum outro país tem este dom nem este som,

nem tem um marechal que é índio e que se chama Rondon,

e que disse matar jamais, morrer se preciso for.

E quem inventou o avião foi mesmo Santos Dumont.

 

País-continente com muitos nomes cheios de amor

Terra dos Papagaios

Terra dos Relâmpagos

Pindorama

Vera Cruz

Santa Cruz

Brasil

 

E o século XXI, que felicidade!,

vem com a beleza, riqueza e doçura de Oxum e os ebós

para toda a humanidade e para cada um de todos nós.

com muito axé,

Jesus de Nazaré

e os tambores do candomblé!

 

 

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