27.06.2013Belo Monte e a proposição formal de participação
Belo Monte e a proposição formal de participação. Entrevista especial com Maíra Borges para o IHU.
Do IHU:
O Estado Democrático de Direito "tem se caracterizado pelo esvaziamento político das discussões e pelo significativo desrespeito aos direitos das populações atingidas por grandes empreendimentos no país", diz a geógrafa.
As audiências públicas realizadas em Altamira e o processo de licenciamento ambiental demonstram as deficiências institucionais da construção da hidrelétrica de Belo Monte, diz Maíra Borges à IHU O-Line. Autora do livro recém lançado, intitulado Belo Monte: O estado democrático de direito em questão, a geógrafa assinala que a obra aponta implicações ambientais desde a elaboração do projeto, pois está sendo construída na Volta Grande do Xingu, que é considera Área de Importância Biológica Extremamente Alta de acordo com a Portaria n° 9 do Ministério do Meio Ambiente - MMA, datada de 23 de janeiro de 2007, por concentrar diversas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. "A bacia hidrográfica do Xingu abriga grande diversidade cultural e biológica e abrange um mosaico de Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs)", aponta.
Na entrevista concedida por e-mail, Maíra salienta que o licenciamento ambiental de Belo Monte "foi repleto de obstáculos a uma efetiva participação dos povos atingidos pelo empreendimento". Entre eles, cita a "distância entre os locais em que se realizaram as audiências públicas e os municípios que elas objetivavam abranger, onde efetivamente situam-se as populações atingidas, (...) e as condições de apropriação do conteúdo", porque "grande parte das audiências públicas foi realizada com linguagem inapropriada ao entendimento dos povos indígenas presentes. Tal forma de linguagem se caracteriza pela desqualificação do interlocutor, furtando-se ao discurso qualitativo, e pela tendência a minimizar problemas, não considerando as populações atingidas, como preconiza a legislação brasileira".
Maíra Borges é graduada em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, e mestre em Ciência Ambiental pela Universidade Federal Fluminense - UFF. Foi voluntária e ativista do Greenpeace Brasil e representou a delegação de jovens da organização na 15º Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas - ONU, ocorrida em dezembro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca. Atualmente trabalha na Assessoria de Planejamento e Gestão da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro - Seeduc."
A entrevista completa pode ser lida neste link.
23.04.2013Rodrigo Sombra e John dos Passos
Email recebido do meu amigo Rodrigo Sombra:
Jorge, querido,
Muito massa esse seu novo site. Não conhecia suas pinturas, achei essa particularmente linda http://www.panfletosdanovaera.com.br/detalhe/3859
Como vão as coisas aí no Rio? Saudades.
Outro dia lembrei-me de quando, numa daquelas nossas rodas na casa de Caetano, cê contou sobre monges tibetanos mancomunados com os nazistas. Imagino que numa dessas conversas devo ter contado do inesperado culto hitlerista que descobri na Índia quando estive por lá. Em qualquer estação rodoviária ou de trem, fosse em capital ou cidade de província, invariavelmente, entre vedas, Mahabharata e Ramayana, era possível comprar Mein Kampf em inglês ou hindi (depois fui descobrir que é traduzido em Bengaly, Gujarati. Aquilo me deixou estupefato e, ao longo da viagem, os locais com quem eu conversava contrapunham sua admiração por Hitler à "fraqueza" que deploravam nos líderes indianos. Li dois artigos que ajudam a explicar o fascínio indiano por Mein Kampf, mando-os abaixo, achei que cê pudesse se interessar.
http://www.epw.in/system/files/pdf/2012_47/46/On_the_Indian_Readers_of_Hitlers_Mein_Kampf.pdf
http://www.thedailybeast.com/articles/2012/11/30/hitler-s-strange-afterlife-in-india.html
Caetano me conta que você não gosta lá de John dos Passos. Perguntei-lhe se você havia lido o seu "Brazil On The Move" e ele não soube responder. Há nele o relato de uma piada sobre a origem miscigenada dos portugueses que talvez o anime( o livro acaba de sair em português pela editora Benvirá):
"The Spanish philosopher Miguel de Unamuno used to tell an amusing story to illustrate the prevalence of Semitic blood among the Portuguese. When the great King Manoel of Portugal wanted to marry a Spanish princess he was told that he must first purge his kingdom of Jews. He consented, but according to Don Miguel, the chief minister who brought the King the expulsion decree to sign, is supposed to have asked: `Which of us shall leave first, sire, you or me?`"
Um beijo grande daqui do frio ensolarado de San Francisco,
Rodrigo
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